Antipatia urbana
Não me habituei de todo à correria urbana e vez por outra tenho saudades dos hábitos de minha pequenina cidade de apenas quase 12 mil habitantes. Ainda estranho a não-poesia do caminhar apressado das ruas da capital, o não ter vizinhos e as “portas batidas” como se diz em bom “cearês”. Em minha pacata cidade ainda se usa “boa noite” para cumprimentar as velhinhas na calçada, se diz “bom dia” ao padeiro, ao gari, à vendedora de tapiocas. Vez por outra, esqueço a falta de etiqueta urbana e cumprimento timidamente, algumas senhoras que conversam em suas calçadas quando passo para a faculdade. E confesso, dia desses parei e pedi permissão para cumprimentá-las sempre, é que me sentia estranha em vê-las todas as noites e dividir sua calçada sem cumprimentá-las. Nessa selva urbanesca que é a capital, sinto tantas vezes que as feridas sociais já não chamam a atenção e os rostos perdem sua identidade diante do ignoto, do desconhecido mundo agitado da multidão. E assim, mal se cumprime