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Mostrando postagens de junho, 2010

As Rosângelas de Fortaleza

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         Hoje conheci alguém que me fez pensar um pouco na realidade miserável urbana. Ao pegar o ônibus de volta do Centro, sentei ao lado de uma garotinha que aparentava uns 12 anos de idade e aos poucos fui puxando conversa com ela.          A garota havia ido ao Centro com o pai e a irmã que parecia ter de um a dois anos a mais que ela. Ambas vestiam roupas sujas e o cansaço por mais um dia de trabalho era visível em seus rostos.          Perguntei se ela estudava e ela me disse que havia parado na quinta série, que tinha dez irmãos e que somente ela, a irmã e o pai trabalhavam. Todas estas informações obtive perguntando, por que em nenhum momento a garota tomou a iniciativa da conversa.          Me disse ainda que se chamava Rosângela e que vinha para o trabalho todos os dias. Não pude deixar de, olhando aquele rostinho de menina, lembrar-me de minha infância e do esforço que meus pais sempre fizeram para que eu estudasse.          Lembro-me das cartas de ABC rabiscadas

Ora chuvas!

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Que intensa chuva sobre a rua E de cá, da janela atenta de meu olhar Observo absortamente a chuva Chover, cá no meu modo de ver Não é lá mistério profundo É a indefinição extraordinária do mundo Mais incrível do que chover É ver a chuva sem se molhar Ou deixar-se encharcar Riscos e rabiscos passageiros, ou nem tanto Chuva, chuvisco, “chuvueiro” (como diz minha mãe) Só ao entregar-se aos pingos é que descubro Melhor que contemplar a chuva é tornar-se chuva E deixar-se molhar Não o corpo Mas a alma, A essência.

A novidade

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Não demorou muito e toda a pequena cidade já sabia. Sabe como é, né: cadeiras na calçada, começo de noite, vizinhas conversando e “haja” novidade. Naquela manhã haviam noticiado no rádio o principal evento do dia, carros e bicicletas de som circularam pelas ruas e os comentários logo tornaram-se pauta do dia no mercado.   No colégio, os alunos em algazarra comemoravam a novidade e animados, disputavam entre si quem seria o primeiro a experimentar.   Na fila do Correio, os aposentados não falavam em outra coisa.   - Minha neta que viu, diz ela que é um negócio de outro mundo.   Aos poucos os “bodegueiros” tomavam parte do principal assunto da cidade.   - Dizem até que a gente pode comprar por ela. - Daqui a pouco até eu, vou querer adquirir.   - É, cumpade, esse mundo ta mesmo mudado.   A empresa responsável por trazer a novidade chegou mesmo a produzir um vídeo para um comercial na tevê onde aparecia um menino montado num jegue e o narrador começava com a seguinte frase:   - “Sabe