As Rosângelas de Fortaleza
Hoje conheci alguém que me fez pensar um pouco na realidade miserável urbana. Ao pegar o ônibus de volta do Centro, sentei ao lado de uma garotinha que aparentava uns 12 anos de idade e aos poucos fui puxando conversa com ela. A garota havia ido ao Centro com o pai e a irmã que parecia ter de um a dois anos a mais que ela. Ambas vestiam roupas sujas e o cansaço por mais um dia de trabalho era visível em seus rostos. Perguntei se ela estudava e ela me disse que havia parado na quinta série, que tinha dez irmãos e que somente ela, a irmã e o pai trabalhavam. Todas estas informações obtive perguntando, por que em nenhum momento a garota tomou a iniciativa da conversa. Me disse ainda que se chamava Rosângela e que vinha para o trabalho todos os dias. Não pude deixar de, olhando aquele rostinho de menina, lembrar-me de minha infância e do esforço que meus pais sempre fizeram para que eu estudasse. Lembro-me das cartas de ABC rabiscadas