Do jeito de encarar o rio


Essa força estranha que nos move.
Essa força estranha que move as pessoas, as montanhas, as águas.
Estamos prestes a atravessar mais uma correnteza e eis que à beira da estrada nos juntamos aos muitos que, ainda não conhecem o agitar das águas, mas aguardam com ansiedade o momento de encará-las.
Nosso jeito bravo de dar ao mão ao outro e segurar firme, quando duvidoso ele parece cair na correnteza, é que nos torna especialmente humanos.
Humanos de um jeito latente de ser humano, de uma forma múltipla.
Não apenas o meu ou o seu interesse, mas o nosso.
Em alguns momentos e por sermos muitos nos dispersamos com a paisagem ao nosso redor, mas o ardor de servir nos chama de volta e nos leva ao caminho.
Tantas vezes, na tensa travessia contamos com mãos e braços fortes que nos encorajam a chegar do outro lado.
E tal qual, na natureza, em nossa vida também há a outra margem e é quando percebemos que o rio era apenas o meio para chegar.
Do outro lado, há tantas outras vidas à espera de nossa mão firme para encarar a luta e rostos descrentes, muitas vezes, de que é possível caminhar.
O que há de belo em caminhar é talvez a magia dos outros braços entrelaçados aos nossos e os pés seguindo o rastro de um novo horizonte.
Não deixemos de acreditar ou morreremos em plena correnteza.

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