Humanos: graças a Deus

Uma caminhada no fim de uma tarde de terça me faz experimentar algo, que eu diria muito interessante. Estou eu a caminhar por entre os apressados atletas de praça, na Gentilândia, quando meus pensamentos começam a girar em torno de meus conflitos internos.

Inicialmente, penso na técnica do foco, então miro o último ponto da reta de onde caminho e sigo até ele, com passos cada vez mais apressados, mas meu irrelevante-preparo-físico logo me faz reduzir os passos e arejar apenas a mente, já que o corpo é apenas o suporte dela.

Então, reduzo a caminhada e me deixo levar pelos meus pensamentos. Aos poucos, contorno a praça, refaço todos os passos anteriores e numa dessas voltas, um rapaz de estilo hippie chama a atenção para a palavra que está escrita em minha camiseta: SABEDORIA.

- Legal, esse curso que você faz, né!

- Ah, não é curso, é um pedido.

Continuo a caminhar e na volta seguinte, novamente o rapaz me aborda, dessa vez me pede para mostrar sua arte. Paro um pouco e ele me apresenta lindas bijuterias feitas por ele. Algumas com capim dourado, penas, búzios, enfim, um pouco do que há na natureza.

Enquanto ele torce e retorce um pedaço de arame, vai me fazendo perguntas e matando um pouco de minha curiosidade; me disse que acabara de chegar à Fortaleza que vinha de Itapipoca e perguntou meu nome. Perguntei se ele vivia de fazer bijuterias e ele me disse: “Graças a Deus! E você, faz o quê?” Respondi que escrevo, estudo, enfim, faço muitas coisas.

De repente, o arame retorcido vai se transformando em um lindo anel que ganho de presente ao final da conversa. O rapaz me agradece pela atenção e continuo a caminhar pela praça me sentindo bem menos egoísta com meus pensamentos.

É olhando para as outras pessoas que descubro o quanto preciso aprender com cada uma delas, hoje percebi que não importa a que tribo pertençamos, somos todos da tribo HUMANIDADE e se esquecemos disso, deixamos de ser verdadeiramente humanos.

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