Crônica de amor sem razão

Sabe de uma coisa, de todas as experiências que vivi, e foram poucas, 

(por que há quem tenha vivido mais do que eu)

Considero nossa história uma grande ousadia, 

abrimos os braços pro acaso e nos encontramos

Não sei quem encontrou quem primeiro, 

mas havia alguns movimentos que não conseguimos impedir

E aí estamos assim agora, eu aqui, você aí 

E nossas vidas apontando para um mesmo caminho

Viver já é um caminho, às vezes com pôr-do-sol 

e outras vezes com espinhos, tropeços, lágrimas

Não queremos que seja perfeito, não, o perfeito nem existe, né

Mas esperamos que a vida seja uma bela oportunidade 

Uma aprendizagem nova, a cada dia, uma lição a cada conflito

uma solução para cada problema, um amanhecer para cada porto.

Me falaste de aprender comigo, e eu, hein

Acabei ganhando novos outros motivos para me aproximar de você

Uma atenção, um jeito de ficar perto mesmo estando tão longe

E você, quase acertou todos os meus desejos em menos de um mês 

em que estivemos juntos.

Maluca essa vida, não

Levou meus braços para um abraço tão cúmplice como os seus

Me deu proteção quando eu era só dúvidas 

Me fez grande apesar da estranheza dos meus sentimentos 

Me fez entender que tínhamos mais para viver 

Mas o amor não é óbvio

O amor até existe mas não é de todo doce 

O amor é um guarda-chuva que te deixa molhar os pés

O amor é um amanhecer de brisa em pleno inverno

E nós, meu amor, tão distantes mas próximos 

Diferentes e semelhantes, estranhos talvez

Somos uma duas vidas olhando em direção ao mesmo caminho  

vamos olhar em frente e encarar juntos

e quando nos faltar a paciência ou os problemas nos encherem de razão

sigamos o exemplo de Gullar: o poeta, que diz

"Não quero ter razão, quero ser feliz"