Reflexões sobre um sertanejo

A pequena Judite exibindo sua tarefa  de casa
A incerteza de viver cada dia de um jeito é o que mantém a esperança do homem e alimenta o raiar de um dia novo. No sertão, onde desde criança as brincadeiras são um intervalo entre uma tarefa e outra de um já quase trabalho, as pessoas se formam e crescem sem pensar exatamente naquilo que são.
A rotina, tantas vezes ignorada, guarda traços quase invisíveis de pessoas que pelo ato de lutar por toda e qualquer conquista acabam adquirindo valores de resistência e aspectos humanos mais intensos que outras.
O sertanejo, dito forte, é acima de tudo um ser humano que tem a oportunidade de fazer de cada direito básico uma luta infinda e uma espécie de aventura como se aquele direito já não lhe fosse inato.
Casa de minha avó - Boa  Esperança, Paramoti
Assim, ao concluir os primeiros anos na escola, um filho de agricultor, por exemplo, é motivo de comentários entre os vizinhos e torna-se referência. Enquanto que aquela é apenas a conquista de uma das etapas para qualquer outra criança para o sertanejo é um símbolo, uma “vitória”.
A ideia de que estamos sempre sedentos de algo faz do sertanejo uma espécie de herói. Cada conquista torna-se homérica, hiperbólico, grande, como se o homem do sertão não tivesse direito ao contentamento, ao sabor da conquista.

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