Crônica lírica

Cada passo dado em direção a mim tem sido uma grande e maravilhosa aprendizagem. No início, era o jeito estranho adolescente submissa, sensível, obediente. Depois vieram as oportunidades de sair do casulo, maneira estranha de acontecer. Inutilmente, algumas ideias foram preenchendo o que havia dentro de mim. 
Aos 14, encontrei o caderno e a caneta, de onde saiu a primeira virtude literária ou ousadia romanesca. Escrevi então, meu primeiro livro. Talvez essa tenha sido a grande metamorfose dos meus dias. Embora, tímida, meu instinto escritor desabrochava e era possível olhar o mundo com outros olhos. Depois, o tempo, implacável e contante me levou a conhecer minhas primeiras noções de sonho. Havia uma sede de ser e um desejo de se transformar.Não haviam muitas opções, e crescer se tornou inevitável. Foi assim que descobri meus conflitos e as agruras que vêm com o benefício dos avanços da idade. 
Cresci cheia de conceitos, preconceitos, ocupações e preocupações: antes de ser quem eu era, eu precisava parecer que era, cumprir a formalidade das aparências. As pessoas ao meu redor se acostumaram a ter o melhor de mim e eu me acostumei a parecer sempre melhor, embora algumas vezes isso não fosse verdade. Entendi mais tarde, que apesar das contradições as pessoas merecem o melhor de nós.
Percebi também que não há muito sentido em buscar a felicidade plena, pois quando se alcança, descobre-se que a felicidade estava na busca. O mero prazer do chegar torna tudo menos atraente, o que fascina mesmo é a trilha tortuosa da caminhada.Enfim, não podemos ser o anseio do que estar por vir, precisamos ser a concretude do agora. Viver cada único minuto, acima dos pequenos aborrecimentos do cotidiano.
Viver é digno.

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